Eu conheci o Seu Crispim através de uma conversa. Ele não estava presente, apenas suas histórias. A Tina, que faz parte da história do Caminho da Fé desde seu primeiro passo, me conheceu numa manhã fria e preparou meu café. Enquanto eu comia seus bolos deliciosos, ela me falava sobre o Caminho da Fé, sua família, os peregrinos que passaram por lá nesses dez anos de histórias e muito mais. Muitas histórias. E uma história estava começando a chamar a minha atenção. Ela fazia questão de brincar com o jeito todo fora do eixo de Crispim. Mas quem era esse tal de Crispim?
Eu
fiz o Caminho da fé em quatorze dias. Três dias a menos que meu planejamento.
Fui andando, sempre andando. Crispim fez o Caminho em vinte e dois dias se não
me engano. Dez dias a mais que o planejado. Ele fez de bicicleta. E essa
história de ter um camarada fazendo a trilha de bicicleta e apenas a um dia na
sua frente me intrigava. Depois que a Tina me contou sobre o Crispim e suas
peculiaridades no meu terceiro dia de caminhada, todos os dias dali pra frente
eu conhecia pessoas que conheceram o Crispim. E como elas conheceram Seu Crispim.
Todas falavam como se ele fosse uma lenda. Quem é essa camarada? Que figura?
No
meu décimo primeiro dia, eu deixei de ser um peregrino solitário e passei a
andar com mais três amigos de fé. Detalhe: eles também vieram escutando os “causos”
de Crispim. Meu Deus, quem é Crispim? Não é lenda, ele existe mesmo?
Final
do meu décimo segundo dia, nosso grupo recém formado chegava a Campos do
Jordão. Fizemos a caminhada na baixa temporada então, a doce Bianca, que
gerência o Refúgio dos Peregrinos, nos informou que poderíamos escolher onde
dormir e que tinha apenas um único peregrino que chegara de manhã, de
bicicleta. Nós nos entreolhamos e eu fiz a pergunta: Esse peregrino é o
Crispim? Ela confirmou e nós festejamos como se tivéssemos chegado a Aparecida.
Ele não era mito. Ele existia e estava lá.
Ficamos
esperando Seu Crispim chegar ao Refúgio depois de seu tour pela cidade. Já
estava tarde e estávamos com sono, mas nos mantivemos firme até a hora do encontro.
Ele apareceu, disse um “oi” tímido e se assustou como nossa vibração. Nós
levantamos para abraçá-lo. Crispim olhava confuso. Também, não era pra menos.
Ninguém poderia imaginar que sua simples presença e passagem poderiam gerar
tantas histórias. Esse é Crispim no Caminho da Fé.
Ele
largou sua bicicleta lá em Campos do Jordão e nos acompanhou a pé pelos dois
dias que restavam. Ele sofreu muito, dividimos nossas dores musculares. Mesmo
nos arrastando, chegamos lá na Basílica em Aparecida. Eu cumpri minha missão
junto com a lenda do Caminho da Fé.
Valeu
Crispim, meu amigo de fé.
Rodolfo
Ori, peregrino que começou essa idéia de faz o Caminho da Fé em 2007, cinco
anos antes. Motivo? Apenas relembrar que somos parte de um todo muito maior,
mais vasto, mais tranqüilo, mais bonito e todo conectado com a essência da
vida.
Rodolfo Ori
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