Caminho da Fé: Dona Cidinha - São Roque da Fartura

Lago formado pela cachoeira nos fundos da Pousada da D. Cida

Fui embora da Dona Cidinha me sentindo triste pela despedida e ao mesmo tempo feliz por ter a certeza de voltar outra vez. O dia amanheceu bonito, com céu claro e sem nuvens. A brisa fresca da manhã provocava um friozinho gostoso. Eu estava protegido com a minha jaqueta de ciclismo e uma blusa de lã por baixo. O meião até joelhos também ajudava a proteger as pernas. Logo, logo com o decorrer da pedalada todo aquele aparato se faria desnecessário. O caminho seguia ziguezagueando pelos sítios da região. Pouco pude pedalar nesse trajeto quase todo de subida. Eu evitava forçar os joelhos e preferia ir empurrando a bicicleta. Posso dizer que fiz o CF metade de bike e metade a pé.

Esse trecho foi bem solitário. Até chegar em São Roque não vi ninguém pelo caminho. Mas pude observar uma mudança na paisagem. Começaram a aparecer as araucárias. Árvores imensas chegando a mais de 50 metros de altura com a copa em formato de taça. Eu fiquei deslumbrado com a imponência e beleza daqueles exemplares de mata nativa. Parei para descansar e aproveitei a oportunidade para tirar dezenas de fotos. Na maior parte do tempo em que caminhei sozinho não perdi nenhuma chance de contemplar a mãe natureza. Seja apreciando a paisagem, observando e ouvindo o canto de um pássaro ou simplesmente fechando os olhos e sentindo a energia do lugar.

Alguns quilômetros a frente cheguei na Serra da Fartura. Aquela mesma serra que me falou o batateiro de Casa Branca. Na ocasião ele havia me alertado que os carreteiros costumavam descer a estrada a toda velocidade e que era preciso eu tomar muito cuidado. Subi na bike e sem um mínimo esforço deixei a lei da gravidade fazer o serviço. Com a estrada só pra mim desci feito um foguete lá pra baixo, com o perdão da redundância. O vento forte no rosto aumentava a sensação de liberdade e prazer. Nessas horas pude perceber que empurrar a minha companheira por duas ou três horas valia todo o esforço por aqueles poucos minutos de adrenalina.

No final da descida já estava em São Roque, distrito de Águas da Prata. Parei numa padaria e me abasteci de água. Desci por uma ladeira e parei novamente num posto de gasolina. Como ainda era cedo eu pensei em seguir direto para Águas da Prata. Segui em frente pela estrada e depois de um tempo não vi mais as setas amarelas. Percebi que estava no caminho errado, embora as placas indicassem o caminho da cidade eu estava fora da rota do CF. Resolvi voltar até o posto. Tirei meu guia da mochila e fiz uma consulta rápida. Em poucos minutos eu já estava na rota certa. Logo avistei a pousada Cachoeira, de propriedade da Dona Cida. Entrei apenas para carimbar a credencial mas quando descobri a cachoeira lá embaixo resolvi ficar por ali mesmo. Eu seguiria apenas no dia seguinte...

Recado 5849

Fiquei hospedado na pousada da Dona Cidinha por dois dias. A Dona Cidinha e o Seu Chiquinho são um capítulo á parte. Escrevei um post sobre essa estadia no meu blog, para não me alongar por aqui.

Dona Cidinha-São Roque da Fartura

O pequeno trecho de pouco mais de 15Km entre os dois pontos judia bastante. Duas horas e meia só subindo e empurrando a bike ladeira acima. Somente quase na chegada do vilarejo somos premiados com a descida da Serra da Fartura. Devido ao imenso cansaço resolvi ficar na Dona Cida. E nem sabia que tinha uma cachoeira no fundo da pousada. Maravilha!!!

Amanhã rumo à Andradas...

Fotos