Caminho da Fé: Dona Natalina

Vila de Barra

Da pousada da Dona Natalina até Ouro Fino percorremos 26 Km. Até lá fizemos duas paradas, a primeira na vilinha de Barra (foto acima) e depois em Crisólia, no bar da Zetti. Quando chegamos em Barra parecia que tínhamos entrado em outro mundo. "Um riozinho tortuoso, a relva baixa, cavalos pastando e uma casinha no fundo. Parecia até a Arcádia dos autores românticos" Foi assim que Antonio Olinto descreveu o lugarejo no seu guia do Caminho da Fé. E foi exatamente isso que encontramos. A pousada do Tio João fica atrás da igreja e quando lá chegamos não havia ninguém. Resolvi perguntar no único bar que vi pelas redondezas. Um garoto de mais ou menos 10 anos me atendeu. Perguntei se ele sabia onde estava o Tio João. Ele balançou a cabeça negativamente. Insisti na pergunta indagando se havia alguém para carimbar a credencial. Ele tornou a balançar a cabeça e não deu mais confiança para mim. Percebi prontamente que aquele menino não gostava de forasteiros e certamente eu o estava incomodando. Queria até comprar uma água mas fui embora meio sem jeito.

Quando retornei à pousada a esposa do Tio João já estava lá conversando com o Pedro. Num lugar tão pequeno a notícia da chegada de um peregrino corria como uma flecha entre os moradores. É claro que o menino do bar sabia onde estava o Tio João e sua esposa mas por algum motivo pessoal não quis me dizer. Credenciais carimbadas seguimos em frente. O lugarejo ficava num vale rodeado de montanhas por todos os lados, isso significava que logo a frente vinha uma bela subida. Eu já havia me acostumado a subir e descer as montanhas, a única coisa que não conseguia era acompanhar o ritmo do Pedro. Ele sempre ia na frente e eu atrás. Outra coisa que percebi nesses dias é que eu só me concentrava no caminho. A minha grande preocupação era cumprir o objetivo de cada dia, ou seja, chegar no próximo destino. Os problemas e as questões que havia deixado em São Paulo haviam desaparecido por completo. Essa era a higiene mental de que eu tanto precisava. Embora precisasse chegar, eu não tinha pressa...Fui aproveitando cada trecho de forma plena.

Quando chegamos em Crisólia paramos no primeiro bar que encontramos. Tomamos um suco e perguntamos sobre um mecânico ou serralheiro para fazer um pequeno conserto na bike do Pedro. O bagageiro dele estava sambando de um lado para outro. Seria preciso fazer um pequeno furo e colocar um parafuso para travar. Coisa simples. Quando saimos do bar olhei para o Pedro e percebi que estava sem a mochila nas costas. Gritei pra ele perguntando: "Você não está se sentindo muito leve?" Ele respondeu: "Por quê?" Eu acho que você esqueceu a sua mochila no bar. Ele riu e voltou para buscar...Ele tinha uma pressa inexplicável. Essa já era a terceira ou quarta vez que esquecia a mochila em algum lugar, fora as vezes que passava da entrada do CF. Encontramos um serralheiro e o serviço na bike ficou perfeito. Logo a frente paramos no bar da Zetti para carimbar e seguimos em frente até Ouro Fino.

Uma das grandes preocupações do meu amigo era chegar nas cidades na hora do almoço, para pegar a comida fresquinha. Confesso que pra mim isso não fazia a menor diferença. Eu queria curtir o trecho, tirar muitas fotos e nem me preocupava com o relógio. Percebi que desde que saímos juntos de Águas da Prata eu havia tirado muito menos fotos do que gostaria. Estávamos num verdadeiro cabo de guerra. Ele me puxando pra frente e eu segurando o ritmo forte que ele estava acostumado. Essa diferença nos traria problemas um pouco mais a frente...Preocupado com a hora do almoço o Pedro desceu uma ladeira a toda velocidade e acabou errando o caminho oficial. Eu vi que estava errado mas pela distância ele não ouviria o meu alerta. Fui atrás dele até alcançá-lo. Lhe avisei que estávamos no caminho errado e voltamos uns 600 metros. Não demorou muito para avistarmos o Menino da Porteira, um imponente monumento na entrada da cidade. A parada para fotos foi obrigatória.

Recados 5877/78

Dona Natalina-Ouro Fino

Saindo da pousada passamos na Barra (Tio João), 6Km depois, e carimbamos a credencial. Antes de Ouro Fino ainda passamos no bar da Zeti e tiramos algumas fotos e mais um carimbo na credencial. De lá o caminho até Ouro Fino foi tranquilo. Eu vou na rabeta do "véio" (Pedro), ele sempre deslancha e me espera lá na frente...

Me sinto bem e confiante para o término dessa jornada...

Ouro Fino

Chegando em Ouro Fino uma parada obrigatória é no trevo onde tem a estátua do Menino da Porteira. Algumas fotos e fomos à procura da pousada. A Pousada do Peregrino é bem fácil de achar, só que está em reforma (parte de cima). Quem chegar por lá deve pedir as chaves na Pousada San Paolo (fica do lado). Para almoçar tem um self-service duas ruas pra baixo (Biba's, que nome estranho...rsrs), é bom e barato, gasta-se $10 pilas e come a vontade.

Daqui a pouco vou dar um giro pela cidade para tirar algumas fotos. Eu estou com 2 cartões cheios mas demora muito para baixar no blog. Hoje soltei mais algumas ...

Um grande abraço ao meu amigo Ednaldo, mais a noite te ligo!!!

Amanhã, rumo a Borda da Mata!!!

Recado 5879

De Gesualdo/Mogi Guaçu

Para Crispim de São Paulo

Cara; lendo seus relatos lembro do meu primeiro caminho da fé que fiz em 2010, sofri muiiiito, porem o inesplicavel é que no próximo ano vc faz novamente, fiz em 2011 e 2012 e é sempre assim sofrido e muito lindo, sem falar nos momentos de superação que representa nossa própria vida. Boa forte em sua jornada que nossa senhora aparecida que ilumine.

Recado 5882

De Alison/São Carlos

E aí Crispim, legal saber que vc encontrou companhia, agora fica mais animadora a jornada, sigo acompanhando seus relatos, boa pedalada pra vcs dois...

Fotos