|
Entrada da Pousada Barão Montês |
Cheguei para almoçar e acabei ficando. A pousada fica num vale. Quem chega da estrada tem que descer um barranco até a entrada principal. É toda revestida de madeira e tem uma arquitetura rústica. De um lado tem um grande salão para as refeições que também é usado como restaurante. Do outro fica o quarto de hóspedes e peregrinos. Um pouco mais abaixo tem outras duas construções. A primeira é uma espécie de bangalô onde o proprietário e os funcionários moram e a segunda é um enorme salão que servirá para eventos e casamentos. Tudo ali é grandioso e surpreendente. Próximo ao salão tem um jardim bem bonito, rodeado e decorado com pedras, formando uma espécie de círculo. Lembra o Stonehenge no sul da Inglaterra. Com toda certeza aquela formação de pedras possuía algum significado.
O Márcio, dono da pousada, é uma pessoa extraordinária. Tem um jeito simples e despojado de ser. A maioria dos turistas e até alguns peregrinos que não o conhecem pensam que ele é um funcionário do lugar. Quando cheguei até eu caí nessa armadilha. Não pensei que fosse o dono. Ele me disse que diversas vezes os turistas vindos de Campos param ali e perguntam quem é o proprietário da pousada?. Ele responde: "Sou eu". As pessoas olham meio sem graça e até ficam incrédulas. Com certeza, julgam pela aparência e pelas roupas que usa. Um dono de pousada em Campos do Jordão não pode andar daquele jeito, devem pensar...
Na hora do almoço o Márcio preparou uma truta com ervas finas acompanhada de batata souté e arroz. Meu Deus o que foi aquilo! Uma delícia. Ele é um chef de grande talento. E nesse momento cheguei a conclusão que realmente o Caminho da Fé era mágico. Há dois dias atrás estava eu em Paraisópolis no sítio da Tia Tiana e Seu Zé comendo arroz, feijão e um ovinho caipira. O simples e o sofisticado convivendo juntos e proporcionando o mesmo efeito. Depois do almoço encarei os 8 Km até a Pedra do Baú. Fui a pé. O visual lá do mirante valeu as 4 horas de caminhada. Voltei para a pousada lá pelas 18:00 h e já tinha uma sopa e uma taça de vinho me esperando.
No dia seguinte acordei as 07:00 h e fui tomar café. Minutos depois o telefone da pousada tocou e o Márcio falou que era ligação pra mim. Pensei: "Quem poderia ser aquela hora?" Era o Tim e a Marílis, o casal de Mococa, que encontrei antes de Paraisópolis. A voz do outro lado da linha era tensa. O Tim me falou sobre um motoqueiro que os havia seguido dois dias antes na trilha para Campos. Ele tentou desviá-los do Caminho da Fé a pretexto de mostrar algum mirante para tirar fotos. Desconfiados, o casal voltou para a estrada e foi embora. Num certo trecho o motoqueiro os alcançou e num tom sarcástico indagou: "O que foi? Ficaram com medo de mim? Tim apenas informou que estavam cansados e com pressa de chegar logo na cidade. Interpretei aquela ligação como um sinal e resolvi ir pelo asfalto. Embora a estrada seja perigosa, sem acostamento e toda sinuosa, o tráfego de veículos era bem tranquilo. Falei sobre o teor da ligação com o Márcio e ele mandou eu seguir a minha intuição.
Fotos
Nenhum comentário:
Postar um comentário