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Porteira na entrada da Hospedaria da Vó Maria |
Fui embora de Paraisópolis emocionado. Foram muitos acontecimentos marcantes. Estar de volta à cidade após 15 anos, reencontrar os tios do meu amigo, saber por eles da morte da Dona Cida (mãe do meu amigo) ocorrida há 3 meses, a amizade da Jandira e o flash back que me veio à cabeça ao andar por cada rua da cidade. Alegrias, tristezas e lembranças. Assim foi a minha passagem por Paraisópolis. Antes de partir, tomei um café da manhã maravilhoso. A Jandira faz um iogurte caseiro com mel que é uma delícia, acrescentei granola e me esbaldei. Tinha bolo, pão de queijo, geléia e queijo fresco. Tudo o que eu gosto. Me despedi da querida amiga Jandira e do pessoal da pousada e fui em direção à Luminosa.
Pelo caminho fui pensando em um monte de coisas. O livro de visitas do Caminho da Fé me surpreendeu. Muitas mensagens de incentivo e apoio. Me senti até famoso por um instante. E ainda mais eu que sou avesso a esse tipo de coisa. O carinho e a energia positiva das pessoas me traziam ânimo e motivação e através disso eu sabia que jamais estaria sozinho. Vocês não fazem ideia o quanto essa energia é poderosa. Passei pela pousada Casa da Fazenda e embora quisesse ter parado, segui em frente. Nesse dia o tempo estava nublado e o calor não era tão sufocante quanto nos outros dias. Um pouco mais a frente avistei uma placa indicando 300 metros para a Hospedaria da Vó Maria. Achei estranho, pois a indicação não coincidia com a marcação do guia do Olinto. E, realmente pude perceber ao longo da estrada que a placa estava completamente errada. Andei mais de 3 Km para chegar ao bairro do Cantagalo e depois à entrada da Hospedaria. Era hora de almoço e resolvi parar para descansar. Fui recebido pelo Rogério e pela Lúcia. A comida estava sendo preparada no fogão à lenha. A Lucia me informou que uma equipe de médicas e enfermeiras iriam chegar para o almoço. Eles faziam parte de um programa da prefeitura que visitava a zona rural a cada 15 dias oferecendo atendimento básico aos moradores.
Aproveitei a ocasião para conhecer as instalações do sítio. Para quem gosta de acampar tem uma área gramada que é uma beleza. Enquanto o Rogério tratava da criação fui fazendo perguntas e observando o seu trabalho. Quando a equipe chegou fui gentilmente convidado para almoçar com eles. Ficaram admirados com a minha coragem em viajar sozinho e ainda mais pela distância, pelo ponto de onde havia saído. Mostrei a minha credencial e os lugares por onde havia passado. Foi duro convencê-los que eu realmente havia começado a peregrinação em São Carlos. A Lúcia e o Rogério foram os meus advogados de defesa. Risos. Assim que o pessoal foi embora eu saí em seguida. Me despedi do simpático casal e rumei com destino à Luminosa. O caminho até a pequena cidade foi mais que tranquilo, ainda mais com uma agradável descida antes da chegada. Passei por Luminosa sem parar, estava ansioso para chegar logo na Dona Inês.
A pousada fica a 4 Km da cidade. A subida íngreme e a estrada ruim me deu a impressão da distância ser maior. Nesse trecho eu só empurrei a bike morro acima, pedalar nem pensar. Cheguei na Dona Inês por volta das 16:00 h. Ela estava preparando um doce de leite. Me cumprimentou e meu deu a panela pra raspar. É uma pessoa extremamente serena, fala mansa e gestos delicados. O seu marido chegou logo em seguida. O Seu José vinha acompanhado do Pelé, um pastor belga preto. Pra onde ele vai o Pelé o acompanha, um fiel companheiro. O sítio fica no alto do morro. A vista é simplesmente deslumbrante. Pra onde se olha, se vê aquele mar de montanhas e vales. Por ficar num lugar de grande exuberância e beleza o fluxo de peregrinos não pára de crescer. Dona Inês me falou que o Caminho da Fé foi uma benção na vida de todos eles. Quando não tem peregrino hospedado por lá, todos sentem muita falta. No começo do CF a Dona Inês só servia café aos caminhantes e oferecia os doces e bolos feitos no próprio sítio. Depois com aumento do movimento resolveu construir um quarto com banheiro. Atualmente já está com planos de construir um novo cômodo para os peregrinos.
Toda a região é cercada por plantação de bananas. E todas de uma única espécie, a prata. Por onde a vista alcança é possível avistar as bananeiras. O Seu Zé tem saúde e fôlego de menino, pois não é fácil percorrer a plantação, principalmente nas áreas mais afastadas e íngremes. Estar ali era mais uma oportunidade de contemplar a mãe natureza. Fui embora muito mais feliz do que quando cheguei. O caminho por si só se encarrega de nos encher de esperança, motivação e fé.
Recados 5931/32
Paraisópolis-Hospedaria Vó Maria
Saí da Pousada da Praça com aperto no coração, a Jandira é uma pessoa maravilhosa. Conversamos durante muito tempo na noite anterior e pude lhe contar muitas histórias do caminho e o porquê da minha peregrinação. Um beijo grande, Jandira.
O percurso até a Vó Maria foi um pouco cansativo, tem uma placa indicando 300 metros mas andei mais de 2Km até finalmente chegar no bairro do Cantagalo. Almocei por lá e a recepção foi 10. É um ótimo lugar pra quem gosta de camping, tem um gramadão bem legal para armar as barracas.
Hospedaria Vó Maria-Dona Inês
Depois do almoço segui rumo à pousada da Dona Inês. Pedalar depois de almoçar é sempre complicado pra mim, principalmente quando vem uma subidinha pela frente...Depois de alguns quilômetros vem a recompensa. A descida até Luminosa é um alívio para as pernas e um colírio para os olhos. É só soltar os freios e apreciar a paisagem.
Chegando em Luminosa, uma vilinha pequena e pacata, resolvi ir direto pra Dona Inês parando apenas para tirar algumas fotos da igreja. A subida de 4Km até a pousada foi dura, a máquina estava arrumando a estrada, o que a deixou muito fofa. Empurrar a bike nessas condições foi bem cansativo. No final, cheguei a tempo de apreciar o por do sol. Magnífico!!!
Fotos
O melhor trecho do Caminho da Fé
ResponderExcluirParaisópolis a Luminosa.. depois de junho e julho de 2011..
passei o natal na casa da Dona Ines, agora em julho/2012 passei lá
um pedal que fiz pra Piranguçu fiz questão de subir os 4km só pra almoçar lá..
é a parte mais dificil do CF, porém a mais linda e a simpatia da Dona Ines e do Seu Zé sempre faz com que volte lá
E já to morrendo de saudade de lá
Show o post.. Abraços
Fala Magrelo,
ExcluirPra falar a verdade eu achei a subida da Serra dos Lima mais difícil que Luminosa. Na primeira eu cheguei a tarde depois do almoço e na segunda eu comecei a subir bem cedo e o sol não estava tão forte. Quanto à beleza da região e a hospitalidade do casal Dona Inês e Seu Zé, nem preciso dizer. Show de bola.
Um abraço!!!
Sr.Crispim,admirei sua coragem e valentia,pois ja tentei percorrer o caminho da fe e nao consegui concluir e como nao sou mais jovem achei que fosse por isso e vejo agora que nao .PARABENS guerreiro!!!Ah,vou tentar novamente.Saudacoes.
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