sábado, 10 de novembro de 2012

Paraisópolis - Luminosa (Dona Inês)

Porteira na entrada da Hospedaria da Vó Maria


Fui embora de Paraisópolis emocionado. Foram muitos acontecimentos marcantes. Estar de volta à cidade após 15 anos, reencontrar os tios do meu amigo, saber por eles da morte da Dona Cida (mãe do meu amigo) ocorrida há 3 meses, a amizade da Jandira e o flash back que me veio à cabeça ao andar por cada rua da cidade. Alegrias, tristezas e lembranças. Assim foi a minha passagem por Paraisópolis. Antes de partir, tomei um café da manhã maravilhoso. A Jandira faz um iogurte caseiro com mel que é uma delícia, acrescentei granola e me esbaldei. Tinha bolo, pão de queijo, geléia e queijo fresco. Tudo o que eu gosto. Me despedi da querida amiga Jandira e do pessoal da pousada e fui em direção à Luminosa.

Pelo caminho fui pensando em um monte de coisas. O livro de visitas do Caminho da Fé me surpreendeu. Muitas mensagens de incentivo e apoio. Me senti até famoso por um instante. E ainda mais eu que sou avesso a esse tipo de coisa. O carinho e a energia positiva das pessoas me traziam ânimo e motivação e através disso eu sabia que jamais estaria sozinho. Vocês não fazem ideia o quanto essa energia é poderosa. Passei pela pousada Casa da Fazenda e embora quisesse ter parado, segui em frente. Nesse dia o tempo estava nublado e o calor não era tão sufocante quanto nos outros dias. Um pouco mais a frente avistei uma placa indicando 300 metros para a Hospedaria da Vó Maria. Achei estranho, pois a indicação não coincidia com a marcação do guia do Olinto. E, realmente pude perceber ao longo da estrada que a placa estava completamente errada. Andei mais de 3 Km para chegar ao bairro do Cantagalo e depois à entrada da Hospedaria. Era hora de almoço e resolvi parar para descansar. Fui recebido pelo Rogério e pela Lúcia. A comida estava sendo preparada no fogão à lenha. A Lucia me informou que uma equipe de médicas e enfermeiras iriam chegar para o almoço. Eles faziam parte de um programa da prefeitura que visitava a zona rural a cada 15 dias oferecendo atendimento básico aos moradores.

Aproveitei a ocasião para conhecer as instalações do sítio. Para quem gosta de acampar tem uma área gramada que é uma beleza. Enquanto o Rogério tratava da criação fui fazendo perguntas e observando o seu trabalho. Quando a equipe chegou fui gentilmente convidado para almoçar com eles. Ficaram admirados com a minha coragem em viajar sozinho e ainda mais pela distância, pelo ponto de onde havia saído. Mostrei a minha credencial e os lugares por onde havia passado. Foi duro convencê-los que eu realmente havia começado a peregrinação em São Carlos. A Lúcia e o Rogério foram os meus advogados de defesa. Risos. Assim que o pessoal foi embora eu saí em seguida. Me despedi do simpático casal e rumei com destino à Luminosa. O caminho até a pequena cidade foi mais que tranquilo, ainda mais com uma agradável descida antes da chegada. Passei por Luminosa sem parar, estava ansioso para chegar logo na Dona Inês.

A pousada fica a 4 Km da cidade. A subida íngreme e a estrada ruim  me deu a impressão da distância ser maior. Nesse trecho eu só empurrei a bike morro acima, pedalar nem pensar. Cheguei na Dona Inês por volta das 16:00 h. Ela estava preparando um doce de leite. Me cumprimentou e meu deu a panela pra raspar. É uma pessoa extremamente serena, fala mansa e gestos delicados. O seu marido chegou logo em seguida. O Seu José vinha acompanhado do Pelé, um pastor belga preto. Pra onde ele vai o Pelé o acompanha, um fiel companheiro. O sítio fica no alto do morro. A vista é simplesmente deslumbrante. Pra onde se olha, se vê aquele mar de montanhas e vales. Por ficar num lugar de grande exuberância e beleza o fluxo de peregrinos não pára de crescer. Dona Inês me falou que o Caminho da Fé foi uma benção na vida de todos eles. Quando não tem peregrino hospedado por lá, todos sentem muita falta. No começo do CF a Dona Inês só servia café aos caminhantes e oferecia os doces e bolos feitos no próprio sítio. Depois com aumento do movimento resolveu construir um quarto com banheiro. Atualmente já está com planos de construir um novo cômodo para os peregrinos.

Toda a região é cercada por plantação de bananas. E todas de uma única espécie, a prata. Por onde a vista alcança é possível avistar as bananeiras. O Seu Zé tem saúde e fôlego de menino, pois não é fácil percorrer a plantação, principalmente nas áreas mais afastadas e íngremes. Estar ali era mais uma oportunidade de contemplar a mãe natureza. Fui embora muito mais feliz do que quando cheguei. O caminho por si só se encarrega de nos encher de esperança, motivação e fé.


Recados 5931/32

Paraisópolis-Hospedaria Vó Maria

Saí da Pousada da Praça com aperto no coração, a Jandira é uma pessoa maravilhosa. Conversamos durante muito tempo na noite anterior e pude lhe contar muitas histórias do caminho e o porquê da minha peregrinação. Um beijo grande, Jandira.

O percurso até a Vó Maria foi um pouco cansativo, tem uma placa indicando 300 metros mas andei mais de 2Km até finalmente chegar no bairro do Cantagalo. Almocei por lá e a recepção foi 10. É um ótimo lugar pra quem gosta de camping, tem um gramadão bem legal para armar as barracas.

Hospedaria Vó Maria-Dona Inês

Depois do almoço segui rumo à pousada da Dona Inês. Pedalar depois de almoçar é sempre complicado pra mim, principalmente quando vem uma subidinha pela frente...Depois de alguns quilômetros vem a recompensa. A descida até Luminosa é um alívio para as pernas e um colírio para os olhos. É só soltar os freios e apreciar a paisagem. 

Chegando em Luminosa, uma vilinha pequena e pacata, resolvi ir direto pra Dona Inês parando apenas para tirar algumas fotos da igreja. A subida de 4Km até a pousada foi dura, a máquina estava arrumando a estrada, o que a deixou muito fofa. Empurrar a bike nessas condições foi bem cansativo. No final, cheguei a tempo de apreciar o por do sol. Magnífico!!!



Fotos

Pousada Casa da Fazenda

Nunca estamos sozinhos no Caminho da Fé

Vista da região antes do bairro Cantagalo

Dois porquinhos se divertindo na lama

Faltam 120 Km

Cachoeira. Moradores informaram que não é própria pra banho

Chegando ao bairro do Cantagalo

Igreja

Hospedaria da Vó Maria. Local muito agradável...

Ao fundo já é possível avistar Luminosa

Preferi descer da bike e aproveitei para tirar uma foto

Igreja antes de chegar no centro da cidade

Igreja de Luminosa

Quase no alto do morro está a pousada da dona Inês

Plantação de banana prata
N

Chegando no sítio...

Entrada

Uma gruta com imagens católicas

Pelé tomando conta da minha bike



3 comentários:

  1. O melhor trecho do Caminho da Fé

    Paraisópolis a Luminosa.. depois de junho e julho de 2011..

    passei o natal na casa da Dona Ines, agora em julho/2012 passei lá

    um pedal que fiz pra Piranguçu fiz questão de subir os 4km só pra almoçar lá..

    é a parte mais dificil do CF, porém a mais linda e a simpatia da Dona Ines e do Seu Zé sempre faz com que volte lá

    E já to morrendo de saudade de lá

    Show o post.. Abraços

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    1. Fala Magrelo,

      Pra falar a verdade eu achei a subida da Serra dos Lima mais difícil que Luminosa. Na primeira eu cheguei a tarde depois do almoço e na segunda eu comecei a subir bem cedo e o sol não estava tão forte. Quanto à beleza da região e a hospitalidade do casal Dona Inês e Seu Zé, nem preciso dizer. Show de bola.

      Um abraço!!!

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  2. Sr.Crispim,admirei sua coragem e valentia,pois ja tentei percorrer o caminho da fe e nao consegui concluir e como nao sou mais jovem achei que fosse por isso e vejo agora que nao .PARABENS guerreiro!!!Ah,vou tentar novamente.Saudacoes.

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