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Pôr do sol visto do Morro do Cristo |
Antes de chegar no sítio da Dona Cidinha eu já havia lido o relato do Olinto pelo menos uma dezena de vezes e ficava imaginando se tudo aquilo iria acontecer comigo também. Será que ela estaria me esperando na porteira? Me receberia com um abraço de mãe? Eu criei uma expectativa muito grande em relação àquele momento. E tudo aconteceu conforme imaginei...Ela estava na porteira me esperando e já havia me visto quando toquei o 1º sino, me recebeu com um abraço bem apertado e me desejou as boas vindas. Impossível não se emocionar. O Seu Chiquinho, seu esposo, chegou um pouco depois. Ele vinha pilotando uma moto CG 125. Me cumprimentou dizendo: "Fique a vontade, a casa é sua". A Dona Cidinha já foi me pedindo as roupas sujas para lavar e me entregou uma toalha limpa para que eu pudesse tomar um banho.
Tomei um gatorade bem gelado e fui para o banho. Depois de um dia inteiro de caminhada com muito sol e poeira, pude perceber o valor que tem um banho relaxante. O CF nos faz dar muita importância a coisas simples do dia a dia que fazemos de forma automática e sem percebermos. Em seguida fui dar uma volta pela casa e fiquei admirado com um painel de fotos que tem logo na entrada da varanda. São centenas de peregrinos que passaram por ali e enviaram a foto para ser colocada no mural. Numa dessas fotos pude ver 4 peregrinos de Campinas que me ajudaram e me inspiraram a fazer o caminho. Me deram dicas valiosas na preparação da viagem e também contribuíram com um relato bem detalhado e emocionante. O link desse relato está na lateral do blog. Enquanto via as fotos a Dona Cidinha me chamou para o café. Fui até a cozinha e troquei o café por um chá de capim cidreira, o perfume da infusão se espalhou por todo o ambiente. Para acompanhar um bolo de amendoim e biscoitinhos de leite.
Depois do café me sentei na varanda e fiquei admirando o lindo visual. Seu Chiquinho me falou que é possível avistar 11 cidades, dentre elas: Vargem Grande do Sul, Casa Branca, Porto Ferreira, São João da Boa Vista, Mogi Mirim, Mogi Guaçu entre outras. Fiquei ali um tempão e antes do anoitecer fui presenteado com o pôr do sol. Sensacional!!! Assim que escureceu fui jantar. Arroz, feijão, pernil de porco e batata cozida. Tudo fresquinho e preparado no fogão à lenha. Seu Chiquinho me ofereceu uma cachaça da região, só senti o cheiro e preferi não me arriscar. Eu já havia bebido duas latinhas de Skol. Pra sobremesa ataquei o doce de abóbora com côco, o meu preferido. Por volta das 20:00 h eles foram embora e eu fiquei sozinho na casa, pois não havia mais nenhum peregrino. Antes de sair, Seu Chiquinho me pediu para não deixar o Bob entrar, porque ele vai deitar direto na poltrona perto da varanda. Falei que sim, mas...como adoro cachorros adivinham onde o Bob dormiu? Risos...
De manhã bem cedo acordei e soltei o Bob lá pra fora. Ele dormiu na poltrona coberto com um paninho que arrumei lá no quarto. As 06:00 h em ponto, a Dona Cidinha chegou para preparar o café da manhã. Ela perguntou que horas eu iria seguir viagem. Respondi que só iria no dia seguinte, ela ficou toda feliz...Aproveitei o dia para descansar e vi o tempo passar em câmera lenta. Andei por toda a propriedade sem pressa, sem compromisso e sem hora pra nada. Subi no Morro do Cristo e fiquei por lá um tempão, deitado nas pedras tomando o sol da manhã. Depois fui em direção da estrada onde tinha uma plantação de couve manteiga, e uma roça de cana pronta para a semeadura. Observei Seu Chiquinho correndo atrás do gado com sua moto 125, provavelmente um bezerro que se desgarrou do rebanho. Quando deu 12:00 h voltei para almoçar. Nesse momento Dona Cidinha me falou que chegariam 4 ciclistas vindos de Tambaú. Fiquei extremamente feliz, pois pela primeira vez na viagem teria compania.
A minha felicidade só durou o tempo deles chegarem. Eram dois casais de amigos e eles vinham com uma programação toda definida. Tinham data e horário para começar e terminar a viagem. E no pouco tempo de conversa percebi de cara as nossas diferenças, de valores e pensamentos. Não foi um contato muito agradável. Infelizmente, não estávamos na mesma sintonia. Enquanto eu fui ver o lindo pôr do sol no Morro do Cristo eles se sentaram na frente da TV para assistir o Domingão do Faustão...Fazer o que??? Pra não ser injusto, apenas um dos rapazes me deu um pouco de atenção e me deixou um abraço quando foram embora no dia seguinte. Nem fiz questão de jantar junto com eles...Foi uma pena. Não seria daquela vez que teria compania durante o Caminho da Fé.