sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Tambaú

Padre Donizetti

A primeira coisa que fiz ao chegar em Tambaú foi procurar o Hotel Tarzan, no qual, já havia feito reserva no dia anterior. Eu digo até que as reservas eram desnecessárias tendo em vista que o mês de agosto é um mês de pouco movimento e poucos peregrinos. Até agora eu não havia encontrado ninguém na estrada e muito menos nas pousadas. A minha esperança era que a partir de Tambaú pudesse encontrar finalmente uma compania. Cheguei no hotel (fica atrás da igreja) e fui direcionado ao meu quarto no 3º andar. Perguntei se podia levar a bicicleta ao quarto e a recepcionista me disse que poderia deixar no corredor ao lado da recepção. Não gostei muito da ideia e ao voltar do almoço carreguei a bike nas costas três lances de escada . Ela é a minha companheira de viagem e nada mais justo que fique hospedada comigo no quarto. Resolvido isso fui almoçar...

A indicação do almoço me levou ao bar do Geninho que fica a um quarteirão do hotel e na parte lateral da igreja. O bar olhando por fora era bem simples e lá dentro tinha centenas de fotos do proprietário com celebridades, clientes e peregrinos. Pedi um bife acebolado e antes uma cervejinha para aplacar o calor insuportável. O Seu Geninho veio me servir e logo puxou conversa. A primeira coisa que disse quando falei que havia saído de São Carlos, é que o verdadeiro caminho começava ali, em Tambaú, era o primeiro e o original. Notei um certo ar de bairrismo em sua colocação, mas não dei muita importância. A comida chegou logo e com aquele temperinho caseiro, igual a comida da casa da vó. Ao pagar a conta só achei um pouco salgado os $ 18 cobrados pela refeição. E olha que não sou pão duro, longe de mim...principalmente pra comer não tenho medo de abrir a mão. E já que eu toquei nesse assunto, confesso que tenho muita dificuldade em me relacionar com gente deste tipo, sovina. O sujeito pode ter muitos defeitos como todos nós temos, mas se for sovina já fico com o pé atrás. Aquela pessoa que fica contando os centavos pra dividir uma conta exatamente em partes iguais, já não joga no meu time. Eu sou o extremo, mão aberta, gosto de presentear e sem falsa modéstia sou uma pessoa bastante generosa com meus amigos.

Ao sair do bar do Geninho fui em direção à lan house que fica ao lado. Atualizei o relato no livro de visitas do CF e tentei descarregar as fotos que havia na máquina. Infelizmente não foi possível. Resolvi fazer uma visita no museu do Padre Donizetti. A casa onde ele viveu e operou os milagres nas décadas de 50 e 60. A quantidade de objetos impressiona. Não só pela quantidade mas também pela diversidade de itens. Óculos, muletas, próteses ortopédicas, capacetes, garrafas de cerveja e cachaça, além de objetos pessoais e centenas de fotografias de romeiros do Brasil inteiro. Fiquei atento observando tudo, desde os quadros de família nas paredes até o orgão utilizado nas cerimônias religiosas. Para quem passa por Tambaú ou inicia o caminho a partir dali é uma visita quase que obrigatória. Depois do museu, fui até a igreja. A paróquia é bem grande mas sem muitos atrativos arquitetônicos. Tudo é muito simples e o mobiliário aparenta ser bem antigo. Entrei na sacristia onde uma funcionária passa roupa e logo fui abordado pelo diácono, perguntando o que eu desejava. Respondi que estava apenas olhando o recinto. Percebi em sua expressão que eu não deveria ter entrado ali...Ao mesmo tempo que me convidara para acompanhar a novena que estava acontecendo na capela ao lado. Eu sou católico, fui batizado na igreja, fiz a primeira comunhão aos 11 anos mas acho que a mentalidade é ultrapassada. Bem, deixemos essa discussão para uma outra oportunidade.

Passei no hotel, tomei um banho e fui em direção ao centro da cidade. O lugar é tão pequeno que o centro acaba sendo a própria cidade. O que eu quero dizer é que fui nas ruas do comércio. Padaria, lojas de roupas, lotérica, correios, bancos, etc...Aproveitei e fiz uma fézinha na loteria esportiva e acabei ficando com um bolão da mega sena que foi empurrado pela funcionária da lotérica. Meio contrariado, acabei comprando. Vai que dá...Risos. Acabei percebendo que em toda cidade que eu passava, além de visitar a igreja eu fazia também um joguinho na lotérica. Quando cheguei em São Paulo já acumulava dezenas de cartões para conferir. O máximo que consegui foram $ 5,00 num cartão da Lotofácil...E isso me fez lembrar aquela história do turco que queria ganhar na Mega Sena mas não queria fazer o "sacrifício" de desembolsar os $ 2,00 necessários para o registro do bilhete. Até pra isso, o turco era pão duro. Depois de passear pelas ruas do comércio, voltei ao hotel. Já era hora de descansar...Acordei pela manhã e ao me dirigir para o café, ouvi um "zum...zum...zum". O proprietário perguntou pra mim: "E aí Crispim, conseguiu dormir direito?" Respondi que sim. Se bem que tinha ouvido um barulho lá pelas 23:00h de alguém discutindo e falando bem alto. Soube que dois funcionários de uma empreiteira que estavam hospedados no hotel, haviam saído pra beber e voltaram discutindo. Na recepção a discussão virou briga e os dois saíram na porrada. Quebraram 6 imagens de santos que havia na loja de conveniência na parte interna do hotel. Aquela hora o dono estava contabilizando os prejuízos e mandando a conta para a construtora. Sem me demorar, tomei o café e parti em direção à Casa Branca.


Fotos

Hotel Tarzan. Eu fiquei no último andar a direita

Vista da cidade a partir da varanda do quarto

Bar do Geninho, ao fundo o proprietário

Vista frontal da igreja 

Casa do turismo onde carimbei a credencial

Praça em frente a igreja matriz

Fachada da igreja

Interior da igreja

Imagem de N.S.Aparecida

Capela onde o diácono me convidou a acompanhar a novena

Museu Casa do Padre Donizetti

Estátua do Pe. Donizetti

Garrafas de pinga, cerveja deixados pelos fiéis

Muletas

Mais objetos no interior do museu

Próteses ortopédicas de adultos e crianças

Placa informativa sobre o dia da morte do padre

4 comentários:

  1. Muito show..

    no meu caso foi uma pena que cheguei no finzinho da tarde em Tambaú e saí logo cedo no dia seguinte, não deu pra conhecer muita coisa

    Levei muita coisa, fui com a bike pesada, tava muito cansado devido a ansiedade do primeiro dia de viagem

    Mas gostei muito de Tambaú...

    e o restaurante do Geninho então, simplicidade e bom atendimento, bom demais.

    Continuo acompanhando.

    Abraços

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    1. Pois é Magrelo,

      Eu já tinha ouvido meus tios e avós falarem de Tambaú e principalmente do Pe. Donizetti. Estando na cidade não poderia ter perdido a oportunidade de visitar o museu. Da próxima vez, vale a pena visitá-lo.

      Um abraço!

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  2. Eu sou o Josemar, do forum do Pedal, que fez o caminho da Fé ao qual você mencionou que leu várias vezes.
    Nós começamos em Tambaú, chegamos no meio da manhã e depois de tudo estar em ordem para a partida, já estávamos perto da hora do almoço, almoçamos em um local (tipo buteco) com mesas de plástico na calçada, teve um preço bom, não saberei dizer o nome.

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    1. Grande Josemar,

      Seu relato foi a inspiração da minha viagem. Muito bom, parabéns!!!
      O restaurante onde almocei era bom, comida simples e caseira. Só acho que o preço não era para tanto...

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