|
A vista do alto da Serra dos Lima |
Já passava das 13:00 h quando terminamos de almoçar. Compramos água e abastecemos as caramanholas. Desta vez não tive chance de conhecer a igreja em Andradas. O Pedro estava com pressa e queria chegar logo na próxima pousada. Pegamos a estrada e fomos embora. O que viria a partir dali não seria nada fácil. Foi o trecho mais difícil de todo o CF. Depois percebi que ter almoçado e seguido sem descansar foi uma loucura. Há muito tempo que não chovia na região, o clima estava extremamente seco e o sol da tarde, inclemente, castigava...Quando o Pedro parou para atender o celular eu sinalizei que o esperaria lá na frente. Uma das raras vezes que andei na frente do meu companheiro. A estrada de terra acabou e finalmente cheguei no pé da Serra dos Lima. Olhando o asfalto eu via subir aquela fumaça quente provocada pela reflexão dos raios solares. A temperatura ali estava pior do que na estrada de terra. Um pouco mais a frente eu avistei uma árvore e fiquei sentado esperando o Pedro chegar.
Em menos de 20 minutos ele apontou no final da estrada de terra. Subiu uns 50 metros e parou para descansar no ponto em que eu o esperava. Começamos subir a serra. O peso da minha bike, ou melhor, o peso da bicicleta mais o bagageiro tornava a missão quase impossível. Era um esforço quase que hercúleo empurrá-la ladeira acima. Vendo toda a minha dificuldade, o Pedro deixou sua bicicleta lá em cima e desceu para me ajudar. Ele pegou a bike e disse para eu subir descansando. Naquele momento pude perceber o tanto de peso que eu estava empurrando. Andar sem a minha companheira foi como tirar um elefante das costas. Quando chegamos no ponto onde ele tinha deixado a bike, peguei a dele e ele continuou empurrando a minha. Percebi que ele também estava exausto mas a sua condição física nem se comparava com a minha. Eu sei que subimos a serra à prestação, fomos andando e parando. Depois de quase duas horas, finalmente conseguimos vencer a Serra dos Lima. A emoção foi muito forte. Dei um abraço no Pedro e disse: "Obrigado, meu amigo. Sem você eu não teria conseguido".
Mais alguns quilômetros a frente e chegamos na pousada da Dona Natalina. O Pedro ainda queria seguir direto para Barra. Mas desta vez eu o convenci de ficarmos por ali. Eu não tinha condições físicas e nem psicológicas para andar 1 quilômetro a mais. A primeira coisa que fiz ao chegar na pousada foi tirar o tênis e sentar no chão. A cabeça doía, o corpo estava todo dolorido e a sensação de cansaço era bem grande. A Dona Natalina nos recebeu com grande alegria. Com aquele jeitinho mineiro, calmo e de fala mansa, conversamos durante um bom tempo na varanda da casa. Tomei banho, jantei e em seguida desmaiei na cama.
Recados 5875/76/77
Águas da Prata-Serra dos Lima (Pousada da D.Natalina)
Pela primeira vez desde São Carlos encontrei um ciclista para me acompanhar. O nome dele é Pedro, tem 59 anos e é de Brasília/DF. Saímos 07:00h da sede do Caminho da Fé e passamos pelo Pico do Gavião (pousada), ela está descredenciada mas ainda possui o carimbo. Da pousada até Andradas o caminho é em declive e requer uma pedalada bastante técnica, já que a estrada está toda cascalhada e com muitas pedras soltas. Chegando em Andradas carimbamos no hotel, almoçamos e seguimos para a temida Serra dos Lima.
Se estivesse sozinho teria pernoitado em Andradas mas meu companheiro de caminhada resolveu esticar até a próxima pousada. O Pedro tem um preparo físico invejável. Corre maratonas, faz natação e se alimenta muito bem. Tá explicado...
A conquista da Serra dos Lima
Chegamos no pé da serra por volta das 14:00h, o sol estava "pegando". Eu quando vi aquilo imaginei que não teria condições de subir e ainda empurrar a bike. E, se...o Pedro não estivesse comigo a situação seria crítica. Estou com um alforje de 60L mais uma mochila, o peso estimado é de 20Kg. Vendo a minha dificuldade ele pegou a minha bicicleta e me deu a dele que está praticamente sem nada. Tem uma bolsa pequena que não deve pesar mais de 6Kg. Foi desse jeito que conseguimos com muito custo e 1:30h depois, vencer a Serra dos Lima.
No alto a vista é recompensadora. Mas o que mais me tocou foi a solidariedade e companheirismo do meu novo amigo Pedro. Nunca vou esquecer disso. No final lhe dei um abraço e disse: "Obrigado, meu amigo"
Quanta emoção e quanta história pra contar em tão poucos dias...
Chegando na Pousada da Dona Natalina fomos recebidos maravilhosamente bem. Com aquela voz tranquila e aquele jeitinho mineiro de conversar, ficamos na varanda proseando por um longo período. Pela manhã não pude vê-la porque estava acompanhando o esposo no hospital. Que Deus ilumine a sra. e o seu esposo.
Fotos
Nenhum comentário:
Postar um comentário