sexta-feira, 5 de outubro de 2012

São Roque - Águas da Prata

Esse cavalo me deu um trabalhão, mas me diverti muito com ele


O dia anterior que passei na pousada da Dona Cida foi muito agradável. Fui na cachoeira, molhei os pés mas não tive coragem de entrar. O sol estava forte e fazia muito calor. Mas a temperatura da água arrepiava até o último fio de cabelo. Fiquei na beira de um lago me aquecendo e ouvindo o som da água caindo. O lugar é muito bonito e fica a menos de 200 m da pousada. No final da tarde a Dona Cida me deu uma carona até o Banco do Brasil e na volta pude usar a internet na casa da sua filha. Atualizei as informações no livro de visitas e em seguida retornamos para a pousada Cachoeira. O quarto dos peregrinos fica na parte de baixo da casa ao lado da garagem. É um lugar estreito mas bem comprido, se não me engano tinha umas 5 ou 6 beliches. O banheiro fica no fundo e a visão que se tem da janela é espetacular. Dependendo do horário, dá pra tomar banho vendo o pôr do sol. Na manhã seguinte tomei um belo café com direito à queijo fresco e pão caseiro assado na hora. Me despedi da Dona Cida e desejei boa sorte nas eleições municipais (ela é candidata a vereadora).

Desse momento em diante muitas coisas aconteceram. De São Roque até Águas da Prata são 15 Km, 70% de descidas e o restante plano. No primeiro momento dá a impressão de um trajeto fácil mas não é bem assim. A descida pela serra requer atenção redobrada, pois o risco de queda é bastante alto. Eu quase caí algumas vezes pois ficava distraído apreciando a paisagem, magnífica por sinal. Outro empecilho foram as porteiras fechadas, que eu contei foram três. Foi necessário desmontar o alforge da bicicleta para poder jogá-lo por cima da porteira. Na primeira delas, uma fazenda de criação de cavalos, o cidadão da foto acima veio logo me recepcionar. Quando joguei o alforge para o outro lado da cerca, o cheiro de comida aguçou seu apetite voraz. Por pouco não tive parte da  minha bagagem engolida. Na hora fiquei nervoso mas depois foram só risadas. O cavalo era tão manso que até me permitiu fazer um afago na sua cara enorme. 

A trilha seguiu pelo meio do mato margeando uma plantação de eucaliptos do lado direito. Do lado oposto a paisagem era de tirar o fôlego, a imponente Serra da Mantiqueira. A essa altura eu já havia passado pela segunda porteira fechada. Eu até tentei jogar a bicicleta com alforge e tudo mas o peso era demais, a solução foi desmontar tudo novamente. Nada que uma boa dose de paciência não resolvesse. Porteira transposta, bicicleta montada, fui em frente. Por volta do meio dia parei embaixo de uma árvore para fazer um lanche. A Dona Cida havia me dado um pão com queijo e um pedaço de bolo de laranja. Comi o pão e guardei o bolo no bolso da jaqueta para comer mais tarde. Peguei a bike e comecei a caminhar. De repente, vejo uma nuvem preta vindo em minha direção. A princípio não identifiquei do que se tratava mas em poucos minutos pude perceber que eram abelhas. Um enxame. Medo, pavor e pânico!!! Larguei a bike no chão e saí correndo. Eu fiquei desesperado. Elas vinham em direção ao bolso da jaqueta, onde estava o bolo de laranja. Corri por 300 metros ao mesmo tempo que me livrava do pedaço de bolo. Eu não cheguei a ser picado, pois além da jaqueta estava com óculos, capacete e meião até os joelhos. Daquele ponto onde parei de correr não vi mais o enxame. Eu li em algum lugar que devemos nos jogar no chão quando acontece uma situação dessas, mas e a coragem??? Ainda acho que correr é melhor...Risos.

Passado o susto demorei uma meia hora para pegar a bike. Queria ter certeza que o enxame havia desaparecido. Voltei próximo a árvore onde havia abandonado a minha companheira e graças a Deus nenhum sinal dos insetos. Me senti aliviado. Subi na magrela e fui embora rapidamente daquele lugar. Um pouco mais a frente a terceira e última porteira trancada. Fiz todo o procedimento de montagem e desmontagem do bagageiro para poder passar a bike por cima da cerca. Daí pra frente foi só alegria, o caminho seguiu pelo meio do cafezal até chegar em Águas da Prata.


Recados 5859/60

São Roque da Fartura-Águas da Prata

A Dona Cida da pousada da Cachoeira faz um pão caseiro e um queijinho minas que é uma perdição. Comi no café da manhã e ainda fiz uma "trouxinha" para comer no caminho. 

Li em algum blog de cicloturistas que o trecho S.Roque-Aguas da Prata era bem fácil. Fácil é ficar sentado em frente a TV assistindo o Pica-Pau. Apesar de grande parte do caminho ser em declives, o ciclista deve manter a atenção redobrada, pois o risco de queda é grande. O visual é um dos mais belos que já vi desde São Carlos. A vista do alto da serra é deslumbrante. Em contrapartida tive que ter bastante paciência para desmontar e montar o alforge para atravessar três porteiras fechadas. Numa dessas travessias a bike escorregou e se espatifou do outro lado da porteira...

Conclusão: O câmbio ficou todo desregulado e a corrente soltou. Vim pedalando sem trocar as marchas e deu pra chegar numa boa até a sede do Caminho da Fé.

Antes da chegada, porém, um momento de tensão. No trecho antes dos cafezais me deparei com um enxame de abelhas vindo em minha direção. A reação instintiva foi largar a bike (estava subindo uma ladeira) e correr na direção contrária. Não deu para ter noção de quantas eram, mas tinham muitas. Pensei em deitar no chão e proteger o pescoço mas não tive coragem. O jeito foi correr...Ainda bem que foi só um susto. Peguei a bike minutos depois e me mandei bem depressa dali.

A descida pelos cafezais foi tranquila e chegando na sede fui muito bem recebido pela Dona Tina e pela Ariane.

Amanhã rumo ao Pico do Gavião...


Recado 5862
Ednaldo de Salvador/BA

Grande Crispim!
Enxame de abelhas realmente é complicado, eu que o diga...hehe!
Mas graças à Deus nada te aconteceu, e voce continua firme no "Caminho da Fé" até chegar em Aparecida do Norte, Santuário da nossa querida Mãe Divina.
Depois teremos muito o que conversar sobre essa sua peregrinação.
Continue firme e forte.
Deus te guie e proteja sempre.
Ednaldo e família.


Fotos


A primeira das três porteiras trancadas 

Os amigos equinos

Dos três esse foi o mais simpático

De perfil

Aqui começa a trilha pela fazenda

Essa foi mais fácil de passar

A segunda porteira trancada

Serra da Mantiqueira à esquerda

Plantação de eucaliptos ao fundo

Estrada pelo meio da mata fechada


Placa indicando a quilômetragem

Cavalos de raça pastando

Mais uma porteira, esta estava aberta

Uma parada para o lanche. As abelhas viriam em seguida

Tronco de árvore bem curioso

A terceira e última porteira fechada. Ufa...

Aqui já deu pra avistar Águas da Prata

Cachorros no meio do cafezal

Sacos de café

Café colhido há poucas horas

Me aproximando da cidade

Águas da Prata cada vez mais perto


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